terça-feira, 26 de junho de 2012

leão

Vinicius de Moraes

Leão! Leão! Leão!
Rugindo como um trovão
Deu um pulo, e era uma vez
Um cabritinho montês
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação
Tua goela é uma fornalha
Teu salto, uma labareda
Tua garra, uma navalha
Cortando a presa na queda
Leão longe, leão perto
Nas areias do deserto
Leão alto, sobranceiro
Junto do despenhadeiro
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação
Leão na caça diurna
Saindo a correr da furna
Leão! Leão! Leão!
Foi Deus quem te fez ou não
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação
O salto do tigre é rápido
Como o raio, mas não há
Tigre no mundo que escape
Do salto que o leão dá
Não conheço quem defronte
O feroz rinoceronte
Pois bem, se ele vê o leão
Foge como um furacão
Leão! Leão! Leão!
Es o rei da criação
Leão! Leão! Leão!
Foi Deus quem te fez ou não
Leão se esgueirando à espera
Da passagem de outra fera
Vem um tigre, como um dardo
Cai-lhe em cima o leopardo
E enquanto brigam, tranqüilo
O leão fica olhando aquilo
Quando se cansam, o leão
Mata um com cada mão

O Pingüim

Vinicius de Moraes

Bom dia, pingüim
Onde vai assim
Com ar apressado?
Eu não sou malvado
Não fique assustado
Com medo de mim
Eu só gostaria
De dar um tapinha
No seu chapéu jaca
Ou bem de levinho
Puxar o rabinho
Da sua casaca
Quando você caminha
Parece o Chacrinha
Lelé da caixola
E um velho senhor
Que foi meu professor
No meu tempo de escola
Pingüim, meu amigo
Não zangue comigo
Nem perca a estribeira
Não pergunte por quê
Mas todos põem você
Em cima da geladeira

O Relógio

Vinicius de Moraes

Passa, tempo, tic-tac
Tic-tac, passa, hora
Chega logo, tic-tac
Tic-tac, e vai-te embora
Passa, tempo
Bem depressa
Não atrasa
Não demora
Que já estou
Muito cansado
Já perdi
Toda a alegria
De fazer
Meu tic-tac
Dia e noite
Noite e dia
Tic-tac
Tic-tac
Dia e noite
Noite e dia
Girassol

Vinicius de Moraes

Sempre que o sol
Pinta de anil
Todo o céu
O girassol
Fica um gentil
Carrossel
Roda, roda, roda
Carrossel
Roda, roda, roda
Rodador
Vai rodando, dando mel
Vai rodando, dando flor
Sempre que o sol
Pinta de anil
Todo o céu
O girassol
Fica um gentil
Carrossel
Roda, roda, roda
Carrossel
Gira, gira, gira
Girassol
Redondinho como o céu
Marelinho como o sol
Poema de Natal
Vinicius de Moraes

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
Lá vai São Francisco
Pelo caminho
De pé descalço
Tão pobrezinho
Dormindo à noite
Junto ao moinho
Bebendo a água
Do ribeirinho.


Lá vai São Francisco
De pé no chão
Levando nada
No seu surrão
Dizendo ao vento
Bom-dia, amigo
Dizendo ao fogo
Saúde, irmão.
A Arca de Noé Vinicius de Moraes
Sete em cores, de repenteO arco-íris se desataNa água límpida e contenteDo ribeirinho da mata
O sol, ao véu transparenteDa chuva de ouro e de prataResplandece resplendenteNo céu, no chão, na cascata
E abre-se a porta da arcaLentamente surgem francasA alegria e as barbas brancasDo prudente patriarca
Vendo ao longe aquela serraE as planícies tão verdinhasDiz Noé: que boa terraPra plantar as minhas vinhas
Ora vai, na porta abertaDe repente, vacilanteSurge lenta, longa e incertaUma tromba de elefante
E de dentro de um buracoDe uma janela apareceUma cara de macacoQue espia e desaparece
"Os bosques são todos meus!"Ruge soberbo o leão"Também sou filho de Deus!"Um protesta, e o tigre - "Não"
A arca desconjuntadaParece que vai ruirEntre os pulos da bicharadaToda querendo sair
Afinal com muito custoIndo em fila, aos casaisUns com raiva, outros com sustoVão saindo os animais
Os maiores vêm à frenteTrazendo a cabeça erguidaE os fracos, humildementeVêm atrás, como na vida
Longe o arco-íris se esvaiE desde que houve essa históriaQuando o véu da noite caiErguem-se os astros em glória
Enchem o céu de seus caprichosEm meio à noite caladaOuve-se a fala dos bichosNa terra repovoada


http://www.vagalume.com.br/vinicius-de-moraes/a-arca-de-noe.html#ixzz1yvoeAINT

POESIAS DE VINÍCIUS DE MORAES PARA CRIANÇAS

Poesia para crianças:

segunda-feira, 25 de junho de 2012

A Porta

Eu sou muito inteligente!
Eu fecho a frente da casa
Fecho a frente do quartel
Fecho tudo nesse mundoEu sou feita de madeira
Madeira, matéria morta
Mas não há coisa no mundo
Mais viva do que uma porta.
Eu abro devagarinho
Pra passar o menininho
Eu abro bem com cuidado
Pra passar o namorado
Eu abro bem prazenteira
Pra passar a cozinheira
Eu abro de sopetão
Pra passar o capitão.
Só não abro pra essa gente
Que diz (a mim bem me importa . . .)
Que se uma pessoa é burra
É burra como uma porta.
Só vivo aberta no céu!
O elefantinho

Onde vais, elefantinho
Correndo pelo caminho
Assim tão desconsolado?
Andas perdido, bichinho
Espetaste o pé no espinho
Que sentes, pobre coitado?
- Estou com um medo danado
Encontrei um passarinho


A foca

Quer ver a foca
Ficar feliz?
É por uma bola
No seu nariz.

Quer ver a foca
Bater palminha?
É dar a ela
Uma sardinha.

Quer ver a foca
Fazer uma briga?
É espetar ela
Bem na barriga

domingo, 24 de junho de 2012

borboletas02
AS BORBOLETAS

 Brancas
Azuis
Amarelas
E pretas
Brincam
Na luz
As belas
Borboletas
Borboletas brancas
São alegres e francas.
borboletas18
Borboletas azuis
Gostam muito de luz.
borboletas36
As amarelinhas
São tão bonitinhas!
borboletas35
E as pretas, então…
Oh, que escuridão!   

borboletas33
O pato
Vinicius de Moraes / Toquinho / Paulo Soledade

Lá vem o pato
Pata aqui, pata acolá
Lá vem o pato
Para ver o que é que há


O pato pateta
Pintou o caneco
Surrou a galinha
Bateu no marreco
Pulou do poleiro
No pé do cavalo
Levou um coice
Criou um galo
Comeu um pedaço
De genipapo
Ficou engasgado
Com dor no papo
Caiu no poço
Quebrou a tigela
Tantas fez o moço
Que foi pra panela
 
 http://www.supergama.com.br/desenhos/desenhos-donald-2.gif
A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitoria propriamente dita.